sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Turismo

CURTINDO UMA RESSACA

                                                                                              Fotos: Fátima Afonso

Amo o mar, seu cheiro característico, o vaivém das ondas e a amplitude do horizonte – tudo isso, claro, emoldurado por um céu intensamente azul. Pra ser bem sincera, em dias cinzentos fujo da praia. Há cerca de dois anos, porém, por força das circunstâncias, decidi ir pra Santos (litoral de São Paulo) numa semana nada promissora em termos de tempo e temperatura. Como a intenção era apenas arejar as ideias, resolvi descer a serra assim mesmo. Afinal, opções de passeio não faltariam. O centro histórico da cidade, o Parque Zoobotânico Orquidário, o Museu do Café, o Aquário Municipal e o Museu da Pesca eram algumas delas.

O tempo, na verdade, não estava de todo ruim: para a minha felicidade, vez ou outra, timidamente o sol se mostrava. No meio da semana, porém, a cidade foi surpreendida por uma ressaca. Pela primeira vez, decidi ver de perto o mar revoltoso. Esperei passar o momento mais crítico e, munida apenas da minha máquina fotográfica, fui para a praia. Indiferente à força do vento, me deixei hipnotizar pelo movimento das águas ­– àquela hora do dia, já bem mais mansas – e pelo jogo de luzes e sombras que a natureza desenhava à minha volta. Que grande artista é a natureza em fúria... Se soubesse isso antes, certamente não teria fugido tanto do mau tempo.
                                                                                                               



Caminhava pelo calçadão, envolvida por aquela paisagem, quando cruzei com um grupo de
freiras, que, pela pouca idade, deduzi serem noviças. Surpresa, ouvi uma delas dizer às outras: “Já que estamos aqui, vamos aproveitar”. Imediatamente, tiraram as sandálias e partiram na direção do mar. Mesmo de longe, pude sentir a alegria com que pisavam na areia e tocavam a água. Sem dúvida, sabiam aproveitar o momento; provavelmente, porque não tinham certeza de poder voltar ali algum dia. Mas quem tem? Afinal, a vida é sempre curta e cheia de imprevistos. Talvez o melhor mesmo seja viver cada dia como se fosse a véspera de um longo período na clausura... Decididamente, ainda tenho muito que aprender.


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